terça-feira, 5 de outubro de 2010

Resiliência


Eu,
eu respiro meus sonhos perdidos no meio do bosque de mangas,
eu encontro a cigarra e a furo com um lápis azul afiado,
eu pulo da grade que penduro de cabeça para baixo,
eu entorto aquele arame prendendo minhas flores,
eu jogo minha boneca na lama pra nadar,
eu pulo na piscina para comer folhas,
eu molho meus pés pelas grades da minha prisão,
eu olho a menina rezar na parede,
eu ando pelo caminho marcado no chão,
eu ouço minha mente cantar,
eu corro, corro muito,
eu marco minhas unhas nas árvores,
eu viajo nos sons da caixa preta,
eu construo meu castelo no coqueiro,
eu vejo o passado em sua fachada,
eu respiro a fantasia,
eu crio meus monstros do outro lado do espelho,
eu olho para minha alma pelo buraco da boca,
eu abraço,
eu abraço,
eu mordo os morcegos,
eu sigo o lobisomem pelo parque,
eu empurro a nuvem com a força do meu pensamento,
eu falo com cachorros,
eu voo com as corujas,
eu como bolas de tatu no jantar,
eu tenho chifres de boi no cotovelo,
eu tenho cheiro de érica,
eu sou uma heroína chinesa,
eu venço a vida de sapatilha,
eu canto para Brasília,
eu escrevo sonhos,
eu
eu
continuo 
assim
eu
.




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